A maioria dessas minhas fotografias não possui nada de mais [ouvi isso de uma pessoa especializada]. Apenas o óbvio e o comum, expressando muito pouco. Será? Pois bem, isso tem um bom tempo, mas o apontamento ficou reservado nalgum canto da mente onde as dúvidas permanecem. Passa o tempo e a gente se conforma, e até passei a acreditar – para não dizer ter isso como busca, filosofia, crença e devoção, meta. Atualmente, fico até empolgado em saber que posso “não ter muito o que dizer” e que talvez o interesse peculiar fique ao critério de quem vê.
Não há nada de novo, apenas o banal do real. Apaixonantemente simples e comum. Atualmente [na verdade, já faz algum tempo] busco pequenos acontecimentos ou estranhezas do cotidiano. “Anotações fotográficas” de um cenário mundano da vida cotidiana. Parece controverso, quase estranho, mas preciso me esforçar para continuar assim – pois não é tão simples como parece. Fique mais um pouco e vai entender.
Segundo a psicologia social, temos a tendência de estreitarmos relacionamento com aquilo (ou aqueles) que vemos com regularidade. A exposição repetitiva causa a familiaridade, consequentemente afeição ou preferência. “Quanto mais se vê, mais se gosta”, apontam os estudos do psicólogo Robert Zajonc. Logo, a exposição repetitiva torna tudo ameno. Na minha pobre apropriação e relação, o próximo passo é o desdém. Acostumamos a ver os pequenos acontecimentos e a tê-los como trivialidade; esperando a todo momento [agora com a era da estetização e do pictures] pelo novo acontecimento estonteante. Se nada mais impressiona e a todo momento tudo é substituído por não ser hype ou instragramável o suficiente, imagina o destempero que tem a trivialidade. Contudo, em um rápido exercício de olhar e ver, como ressalta Joel Meyerowitz, em Olhar, o mundo comum esconde coisas que têm o poder de abrir a sua mente e assim ver coisas de novas maneiras. Eu disse que era controverso!!
[o assunto continua no próximo post …]